2. Simplicidade, redução de exigências significa colocar-se à disposição dos outros. Não existimos para nós mesmos, para guardar em celeiros o que produzimos, para esconder nossos talentos dos outros.
3. Somos administradores dos bens e não proprietários. O Senhor no-los dá para serem partilhados. Há os bens, o dinheiro, uma herança que podem ser colocados à disposição dos irmãos da Fraternidade. Há esse jeito para falar, essa facilidade para instruir, esse carisma para aliviar a tristeza dos outros. Ser franciscano é recusar toda de acumulação indébita e desnecessária. Quanto mais damos e damos com generosidade, mais nos é propiciado.
4. Tocamos o tema do amor fraterno. A simplicidade de vida torna viável a convivência com os outros. O artigo das CCGG que estudamos está vinculado ao espírito de pobreza: somos administradores dos bens e não seus proprietários e assim, com nossas "economias" aliviamos as carências dos outros.
5. O texto nos leva ao despreendimento, despojamento que torna o franciscano secular uma pessoa alegre por poder conviver com os mais simples, não com espírito paternalista, mas na ânsia de criar comunhão. Os pobres de coração, os não complicados, criam laços com os que cercam.
6. A simplificação da vida faz com que os franciscanos seculares tomem posição contra o consumismo desregrado, Nos últimos quarenta anos, talvez, vivemos intensamente a sociedade do consumo. Não há como fugir: carros novos, aparelhos cada vez mais sofisticados, máquinas com inovações a cada momento. Consomem-se bens e consomem-se pessoas. E os que podem, deixam-se possuir pela febre de consumo. Compram por comprar. Acumulam por acumular. Vão se tornando pessoas sem critério de tal sorte que pensam valer pelo que possuem e sofrem quando têm que diminuir o status de vida. Há aqueles que, desempregados, choram por terem que vender o supérfluo para pagar o necessário.
7. A festa de casamento do filho de um terceiro franciscano se faz com alegria, mas sem ostentação. As comemorações e eventos são marcados por uma profunda alegria, mas nunca pelo desejo de competir e ofuscar os outros. Os franciscanos que viajam, por exemplo, e usufluem dos bens não deixam de participar da missa dominical sob qualquer pretexto. A sociedade do consumo não pode inocular o seu veneno naquele e naquelas que desejam seguir o Evangelho de Jesus Cristo em suas vidas.
8. "Os companheiros mais íntimos do fundador, que também estavam mais ligados à primitiva experiência, viram na simplicidade, unida inseparavelmente à pobreza, em suas mais variadas expressões no que dizia respeito à casa, mobilias, livros, vestes e coisas semelhantes, a inspiração e o próprio fundamento do movimento franciscano. Tudo devia respirar singeleza e pobreza, segundo a pureza evangélica, segundo a vocação dos Frades Menores e a profissão de testemunhas da esperança diante dos homens" (Legenda Perusina 75). (Dicionário Franciscano, p. 709).
9. Os que simplificam a vida não ficam muito preocupados com as oscilações da bolsa e coisas análogas. Esses vão se tornando leves, suas bagagens são cada vez mais reduzidas e assim podem alçar vôo na direção da pátria. Passam eles a idéia de que são peregrinos e viandantes nesta terra dos homens. E essa postura evangeliza e encanta aqueles que têm a graça de conviver com esses homens e essas mulheres simplificados em seu existir.
10. "A santa simplicidade era o ideal que o bem-aventurado queria atingir e era a virtude que ele gostava de encontrar nos outros, mas não uma simplicidade qualquer, e sim aquela à qual Deus é suficiente e para o qual todo o resto não é nada" (2Celano 189).
Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM (RJ)
Assistente Espiritual Nacional da OFS. Revista Paz e Bem, setembro/outubro-2007
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