1. Na OFS há muitos formadores. O primeiro deles é o Espírito que deseja encontrar corações abertos e disponívis para operar maravilhas. Há a Fraternidade, o Ministro e seu Conselho e, é claro, a equipe de formação. E há essa decisão de cada irmão em formar-se. O irmão precisa querer formar-se. Tentamos assinar algumas características de uma formação franciscana bem sucedida.
2. Antes de mais nada os que começam sua caminhada são pessoas que experimentam um desconforto em seu interior e uma sede de infinito em suas entranhas. Não pretendem ser pessoas doutas em teorias, mas daqueles que estão esperando a visita do Amado que bate à porta. Essa sede de Deus não pode existir apenas no começo da vida franciscana. Acompanha cada um até a morte.
3. Recebeu uma boa formação aquela pessoa que está bem consigo mesma e com a vida, que gosta de viver em Fraternidade, desejosa de estreitar seu amor para com Deus e que já tenha atingido uma certa maturidade. Isto quer dizer que tem atitudes pensadas, refletidas e ponderadas. Não vive sua fé superficialmente e não aceita uma rotina fria.
4.Trata-se de alguém que quer ir além de um cristianismo devocional, rotineiro, sacramentalista e legalista. Uma pessoa que vai fazendo encontros densos e profundos com Cristo vivo e ressuscitado no hoje de suas vidas. Não apenas com um Cristo deo passado que descansa nas páginas dos livros ou vive nas imagens de madeira ou de gesso. Pessoa em boa formação que tem um cuidado todo esdpecial de alimentar a amizade com o Senhor Jesus: leitura cotidiana dos Evangelhos e das páginas do Novo Testamento, missa quase que diária, intimidade com o Mestre na Eucaristia.
5. Um autêntico franciscano é aquele que tem, pois, uma piedade cristo-cêntrica e trinitária e não apenas devicionalista e lateral. "A verdadeira devoção tinha de tal modo enchido e impregnado o coração de Francisco que ela parecia ter se apossado por completo do homem de Deus. Daí, vem a devoção, que o fazia subir até Deus; a piedade que fazia dele um outro Cristo; a atnção, que o inclinava para o próximo e uma amizade para com cada uma das criaturas, fazendo lembrar nosso primitivo estado de incoerência" (Boaventura, LM 8,1).
6. Trata-se de alguém que tem o hábito de rever sua caminhada: momentos de revisão de vida, exame de consciência. apreço pelo sacramento da reconciliação. Em outras palavras, uma vida cristã vigilante.
7. Pessoa que não separa fé e vida, ou a fé da vida: casamento, visinhos, família, desprezados, oprimidos, doença, saúde, água, ar, violência, abundância. Portanto sempre um cuidado de informar a vida pela fé. Pessoas maduras na vida de fé.
8. Aquele que, em seu agir pastoral, respeita a ação de Deus nos sacramentos, nas celebrações, na catequese, no trabalho missionário. O franciscano autêntico age na comunidade, em comunhão com a Igreja. Não é, no entanto, um mero "tocador de obras". Sabe as razões pelas quais faz pastoral. Age porque sabe que o Amor precisa ser amado. Nunca, em seu trabalho pastoral, quer ser protagonista no lugar do Senhor e de seu Cristo. É sempre instrumento e servo inútil.
9. Um franciscano bem formado é aquele que aprendeu a viver o mistério pascal em sua vida. Está sempre morrendo com Cristo e com ele ressuscitando. Daí o gosto que tem pela participação no Sacrifício da Missa e o cuidado de associar seus sofrimentos e suas "mortes" ao Mistério Pascal de Cristo.
10. Trata-se de uma pessoa que não pode viver isolada, mas necessita respirar o ar da fraternidade: irmão que se reunem, que escutam juntos a Palavra, que estendem as mãos uns para os outros, que visitam os leprosos de hoje e que vão pelo mundo dizendo que o amor precisa ser amado.
11. Franciscano secular bem formado é aquele que vive a tensão entre a oração e a ação, entre recolhimento e o pedir pedras para reconstruir a casa do Senhor que parece estar em ruina. Que, sem querer aparecer, promete nunca dizer um não quando for questão de servir ao mundo novo de Jesus.
12. "A formação nunca poderá conincidir com a simples leitura de um livro, de um manual, mesmo quando este for bem feito. Na formação entram em cena a disponibilidade do coração e do espírito daquele que se forma, a exsperiência vibrante do formador, seu concreto testemunho de vida e sobretudo a presença e a ação do Espírito da Vida que é Deus e a docilidade daquele que se deixa guiar e encher de sua Graça. Trata-se de um fogo que deve se propagar, fogo que deve contagiar. Não se acende uma chama com o pensamento, Necessário se faz que nos aproximemos com uma chama já acesa, vigorosa e forte, assim, adentamos a chama do outro. Não podemos esquecer que somos filhos e irmãos do Pai "seráfico" São Francisco. Seráfico quer dizer ardente, e, como São Francisco, haveremos de arder. arder de um amor inflamado por Deus e pelos irmãos e nós mesmos chegarmos a ser verdadeiras "sarças ardentes" que queimam sem se consumar, a não se de amor" (Benedeto Lino, Intr. ao Manual de Formação da OFS).
Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM (RJ) Assistente Espiritual Nacional da OFS
Revista Paz e Bem - Setembro/Outubro - 2009
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