Estando agora livre dos laços que o prendiam aos desejos terrenos, em seu desprezo pelo mundo, Francisco abandonou a cidade natal e procurou um lugar onde pudesse ficar a sós, alegre e despreocupado. Aí na solidão e no silêncio poderia ouvir as revelações secretas de Deus. Ia dessa forma pela floresta, alegre e cantando em francês os louvores do Senhor, quando dois ladrões surgiram do cerrado e caíram sobre ele. Ameaçaram-no e perguntaram quem ele era, mas ele respondeu corajosamente com as palavras proféticas: "Sou o arauto do Grande Rei". Bateram nele e o lançaram numa fossa cheia de neve, dizendo-lhe: "Fica por aí, miserável arauto de Deus". Francisco esperou que fossem embora, saiu da fossa, alegre, recomeçando com mais ânimo ainda sua canção em honra do Senhor (S.Boaventura - Legenda Maior, Cap.2, 5).

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

SÃO FRANCISCO, O JARDINEIRO DO REINO DE DEUS

O jardineiro é aquele que cuida do jardim, promove o encontro da semente com a terra, vê brotar a semente, rega as plantinhas mas poda também, Quando necessário.Enfim, é aquele que investe seu tempo, sua vida, na arte de cuidar das plantas e flores.
O jardineiro do Reino de Deus é aquele que cuida do Planeta Terra: cuida das plantas, árvores, flores e ervas. Cuida com o mesmo carinho da terra e da água, porque sem estas fontes de vida não brotam as flores, não colhemos alimentos, tudo se torna estéril. E tudo isso ele faz com grande zelo e carinho, para que o Reino de Deus aconteça aqui e agora. Assim agindo, cuida das pessoas, da felicicidade das pessoas diante do belo que a natureza proporciona.
Francisco sentia imensa alegria diante das flores, vendo sua beleza e sentindo seu perfume. E, quando encontrava muintas flores juntas, pregava para elas e as convidava a louvar o Senhor como se fossem racionais. Da mesma forma, convidava com muinta simplicidade os trigais e as vinhas, as pedras, os bosques e tudo o que há de bonito nos campos, as nascentes e tudo o que há de verde nos jardins, a terra e o fogo, o ar e o vento, para que tivessem muinto amor e fossem generosamente prestativos.
Francisco tornou sua realidade algo concreto. O concreto se vê, se olha, se contempla. Ao olhar o mundo com os olhos de Deus, percebe que o que vê solicita cuidado. Francisco vê o mundo como um imenso santuário. Todas as criaturas são sagradas porque onde há vida há um pedacinho de Deus. E porque a fonte de toda a vida é Deus, Francisco vê, respeita e ama todas as criaturas como irmãs.
Vejamos:
"Quando lavava as mãos, escolhia um lugar onde a água das abluções não viesse a ser pisada".
"Quando caminhava sobre pedras, São Francisco fazia-o com temor e respeito, por amor daquele que é chamado a Pedra Angular".
"Ao irmão que ia cortar a lenha para o fogo, recomendava que não cortasse a árvore toda, mas que deixasse sempre alguns ramos para que a vida continuasse brotando".
"Ao irmão hortelão dizia, que não ocupasse todo o terreno com plantas comestíveis, mas deixasse parte, para produzir plantas que, a seu tempo, dessem as irmãs flores".
"Tinha tanta caridade, que seu coração se comovia, não só com as pessoas que passavam necessidade, mas também com os animais: os répteis, os pássaros e as outras criaturas sensíveis e insensíveis. Mas entre todos os animais, tinha uma predileção pelos cordeirinhos, porque a humildade de Nosso Senhor Jesus Cristo foi comparada, muintas vezes, na Bíblia ao cordeiro".

Ana Maria Rodrigues Lima, OFS
Revista Paz e Bem, ano 48-Nº 305 - Setembro/Outubro - 2010









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