Estando agora livre dos laços que o prendiam aos desejos terrenos, em seu desprezo pelo mundo, Francisco abandonou a cidade natal e procurou um lugar onde pudesse ficar a sós, alegre e despreocupado. Aí na solidão e no silêncio poderia ouvir as revelações secretas de Deus. Ia dessa forma pela floresta, alegre e cantando em francês os louvores do Senhor, quando dois ladrões surgiram do cerrado e caíram sobre ele. Ameaçaram-no e perguntaram quem ele era, mas ele respondeu corajosamente com as palavras proféticas: "Sou o arauto do Grande Rei". Bateram nele e o lançaram numa fossa cheia de neve, dizendo-lhe: "Fica por aí, miserável arauto de Deus". Francisco esperou que fossem embora, saiu da fossa, alegre, recomeçando com mais ânimo ainda sua canção em honra do Senhor (S.Boaventura - Legenda Maior, Cap.2, 5).

terça-feira, 12 de outubro de 2010

DOCUMENTO DE APARECIDA - Aparecida e a Igreja visível de Jesus Cristo

A missão de evangelizar

Em 1974, após o IV Sínodo dos Bispos, Paulo VI publicou a Exortação Apostólica Evangelii Nuntandi, que copletou e ampliou o Decreto ad Gentes, dando à evangelização um fundamento consistente. Sublinhou que a missão de evangelizar "constitui, de fato, a graça e a vocação própria da Igreja, sua mais profunda identidade".
A Igreja nasce da missão de Jesus, é enviada por Ele; "é, exatamente, toda a Sua missão e a condição de evangelizador, que ela é chamada a continuar". A missão da Igreja origina-se da missão de Jesus. Jesus não pregou a si mesmo, mas o Reino de Deus: um novo relacionamento fraterno dos homens e mulheres entre si co o Pai. Isto significa que a evangelização se realiza pelos caminhos da história. Ao mesmo tempo, "só uma Igreja evangelizada é capaz de evangelizar". Evangelizadora, coo é, a Igreja começa por se evangelizar a si mesma".
A Evangelii Nuntiandi teve o cuidado de apliar o conceito de evangelização ao afirmar: "Para a Igreja não se trata tanto de pregar o Evangelho a espaços geográficos, cada vez mais vastos ou populações maiores em dimensões de massa, as de chegarn a atingir e como que a modificar, pela força do Evangelho, os critérios de julgar: os valores que contam, os centros de interesse, as linhas de pensamento, as fontes inspiradoras e os modelos de vida da humanidade, que se apresentam em contraste com a palavra de Deus e com o desígnio da salvação".

Evangelizar os "novos areópagos"

A Igreja, com João Paulo II, tomou consciência das repercuções que as mudanças sociais tiveram no quadro missionário. Sociedades pluralistas, vivendo fora da unanimidade socio-cultural-religiosa, sem referenciais cristãos, onde há populações descristianizadas ou pós-cristianizadas e grandes concentrações urbanas, já não estão em contato direto com a Igreja. Enfim, "reproduz-se a situação do Areópago de Atenas". Como São Paulo, precisamos ir a novos Areópagos anunciar o Evangelho, "usando uma linguagem adaptada e compreensivel àquele ambiente!" Esses novos areópagos estão nos "vários campos da civilização e da cultura, passando pela política e a economia". Destaca-se o mundo da comunicação. João Paulo II, na Redemptoris Missio, lembra outros "setores a serem iluminados pela luz do Evangelho", como "o empenho pela paz, o desenvolvimento e a libertação dos povos; a promoção da mulher e da criança; a proteção da natureza". Não se trata, de sermos donos dos areópagos, mas de marcar presença neles, inculturando o Evangelho, com empenho, discernimento, respaldo moral e ético".

(Baseado no livro "As Conferências Episcopais: América Latina e Caribe.
Fr. Nilo Agostini, OFM. Aparecida/SP - Santuário.2007)
Revista Paz e Bem - Ano 48 - Nº 305 - Setembro/Outubro - 2010

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O SERÁFICO PAI É RECOLHIDO PELA IRMÃ MORTE, ENTRA NA VIDA.

Francisco, percebendo que nada mais lhe restava fazer neste mundo, após ter amado tanto a todos e a tudo, pediu para retornar à Porciúncula. A irmã Morte estava vizinha.
Chegado à planície, pediu que o colocassem sobre u'a máca e, dirigindo o seu olhar quase cego para o lado da cidade de Assis, invocou sobre ela e sobre os irmãos a beção de Deus. Como ele amara a cidade de Assis, e como nela foi amado! Se Jesus disse que ninguém é profeta em sua terra, para Francisco ele exceção.
Nos últimos dias de vida, ditou o Testamento, autotestemunho de incalculável valor para a vida e os propósitos deste homem tão singular.
Com a proximidade da morte, pediu que o deitassem nu, no chão, unido à irmã Terra. Depois aceitou emprestado o hábito que o gardião lhe dá. Agradeceu mais esta esmola.
De São Damião veio o recado de Clara, dizendo que gostaria muinto de vê-lo mais uma vez, ao que Francisco respondeu que "ir até lá, não podia mais. Porém, elas o veriam mais uma vez".
Pediu que chamassem frei Ângelo e frei Leão, para lhe cantarem mais uma vez o Cântico do Irmão Sol. E várias vezes pedia que o repetissem, e ele acrescentava a estrofe da irmã Morte.
Francisco lembrou-se de uma grande amiga romana, Jacoba de Settesoli, viúva de um patrício romano e mãe de dois filhos. Ao ir a Roma, Francisco se afeiçoara a ela e ela a ele. Gostava de ir à sua casa conversar e comer uns docinhos especiais que Jacoba sabia fazer. "Vão a Roma, e contem à senhora Jacoba a minha situação. Ela gostará de saber. E peçam que ela traga uma túnica e aquele doce de amêndoa que me preparava quando eu ia a Roma". Mal acabou de falar, batem à porta. É Jacoba que chegava. Tinha sido avisada do estado do pai Francisco. Pela lei, nenhuma mulher podia ter acesso à Porciúncula, mas Francisco fez exceção, dizendo: "A proibição não vale para ela. Deixem entrar "frei Jacoba". Jacoba entrou, feliz por ver o grande amigo, abraçou-o com ternura, chorou e oferece-lhe a veste e o doce, que Francisco não pode mais comer.
Francisco pediu que lhe trouxessem um pão, partiu-o e deu um pedaço a cada um dos presentes, em sinal de amor mútuo e de paz dizendo: "Eu fiz a minha parte. Que Cristo vos ensine a fazer a vossa". Fez ler o Evangelho da Última Ceia e abençoou os filhos seus. Presentes e futuros.
Na tarde de 3 de outubro de 1226, o mundo perdia seu filho mais original, mais santo, o único homem amado em todo o mundo e em todos os tempos. Francisco morreu, morreu cantando. "Frei" Jacoba foi chamada por um irmão: "Vem para que possas ter nos braços, depois de morto, aquele a quem tanto amaste quando vivo". Foi ela a primeira pessoa que teve acesso a seu corpo, que foi colocado em seu colo, e ela ficou como Maria com o Filho morto. Jacoba viu as dolorosas chagas de Francisco. Chorava, gemia, soluçava e o abraçava ternamente. Jacoba nunca mais o esqueceu. Pouco depois veio morar em Assis, ali permanecendo até a morte.
Francisco tinha pedido para ser enterrado no cemitério dos criminosos, mas não o obedeceram. No dia seguinte, 4 de outubro, foi sepultado na igreja de São Jorge, na cidade de Assis. Antes o cortejo fúnebre passou pelo mostreiro de São Damião, para a despedida de Clara e das Senhoras Pobres. Cumpria-se assim a promessa de Francisco de que Clara o veria ais uma vez. O corpo do Santo foi erguido, para que Clara e as claríssas pudessem vê-lo bem. E como choraram a falta do amigo querido! Clara e Jacoba, estas duas grandes mulheres, passaram os longos anos que lhes restaram de vida na saudade de Francisco.
No dia 16 de julho de 1228, o grande amigo franciscano Hugolino, agora Papa Gregório IX, vai pessoalmente a Assis para canonizar Francisco. O pai Francisco é agora o universal São Francisco de Assis.

São Francisco, o poeta da criação, Pe José Artuíno Besen - Ed. Mundo e Missão - 2005.









Olhar Ecológico: Celebremos São Francisco de Assis

Olhar Ecológico: Celebremos São Francisco de Assis

HINO DAS LAUDES DO DIA DE S.FRANCISCO DE ASSIS (Liturgia das Horas)

No céu Francisco fulgura,
cheio de glória e de luz,
trazendo em seu corpo as chagas,
sinais de Cristo e da Cruz.

Seguindo o Cristo na terra,
pobre de Cristo se faz,
na cruz com Cristo pregado,
torna-se arauto da paz.

Pelo martírio ansiando,
tomou a cruz do Senhor:
do que beijou no leproso
contempla agora o esplendor.

Despindo as vestes na praça,
seu pai na terra esqueceu,
reza melhor o Pai-nosso,
junta tesouros no céu.

Tendo de Cristo a pureza,
mais do que o sol reluzia,
e, como o sol à irmã lua,
Clara em seu rastro atraía.

Ao Pai e ao Espírito glória
e ao que nasceu em Belém.
Deus trino a todos conceda
os dons da cruz: Paz e Bem.

domingo, 3 de outubro de 2010